Os riscos do nevoeiro: houve um evento de desenvolvimento na América Latina no início do século XXI?
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.7855668Palavras-chave:
América Latina, desenvolvimento econômico, novo desenvolvimentismo, transformação produtivaResumo
Este ensaio analisa as observações conclusivas de Fernando Calderón e Manuel Castells em seu livro A Nova América Latina, segundo as quais a região viveu entre 2003 e 2013 um período de desenvolvimento econômico definido como "neodesenvolvimentismo". A narrativa alternativa proposta no ensaio sugere que não houve um momento desenvolvimentista na região, mas sim um súbito e prolongado boom de renda externa proporcionado pela alta generalizada dos preços dos produtos básicos, aproveitada pela classe política emergente para ampliar o gasto público e financiar por meio dele a constituição de uma base política clientelista sobre a qual sustentar sua própria preeminência e condições de possibilidade frente ao ciclo eleitoral. Os onze anos de crescimento baseado na monetização da renda externa não geraram mudanças na diversificação da base econômica e na expansão da pauta de exportação, e muito menos crescimento na produtividade do trabalho para sustentar a expansão do mercado interno e das exportações.
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